segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Faianças Bordallo Pinheiro




Serviço Grinalda 
 
Serviço Borboletas
Serviço Folha de Couve

 Bordallo, de kitsch a fashion

A conhecida loiça da folha de couve saltou da cozinha da avó para as casas mais "trendy" e até para uma exposição em Nova Iorque. Bordalo Pinheiro volta a estar na moda 


Os objetos espelham a genialidade artística de Bordalo Pinheiro, o fundador da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, em 1884. Depois, o seu grau de exigência. Bordalo rodeou-se dos melhores oleiros, insistiu no apuramento das técnicas e dos materiais, trabalhou cada molde até não lhe encontrar defeito. Por causa disso, é bom de ver, prevaleceu o aspeto artístico em detrimento dos objetivos económicos, pelo que a história da fábrica não se fez sem vicissitudes várias, sempre à beira de lhe ditar o fim. Que foi fintado em 2009, quando o grupo Visabeira adquiriu a fábrica, evitando o seu encerramento.

  

Voltar ao detalhe do original

A típica loiça "folha de couve", que nos habituamos a ver nas mesas das casas das avós, é apenas uma das imagens de marca. Além desta loiça utilitária - depois relegada para a prateleira das coisas kitsch e que agora começa a ser redescoberta à luz de um novo olhar -, Bordalo produziu artigos menos conhecidos, como azulejos e obras cerâmicas de cariz mais revivalista, destinadas a um público mais culto e sofisticado. E ainda outros pelos quais se viria a distinguir na vertente das peças artísticas e decorativas, seguindo duas linhas muito marcantes.


Perante o peso deste espólio, a intenção atual é, segundo Pedro Bau, diretor de marketing da Visabeira Indústria, "evoluir sendo fiel a Bordalo".
É isso que está a fazer na comemoração dos 125 Anos da Faianças Artísticas Bordalo. A empresa convidou sete artistas para reinterpretar uma peça original de Bordalo. São eles Joana Vasconcelos, Fernando Brízio, Henrique Cayatte, Susanne Themlitz, Bela Silva, Catarina Pestana e Elsa Rebelo.


  Atrair novos clientes

No âmbito "de um plano de maior aproximação ao consumidor, também já é possível encontrar peças Bordalo Pinheiro em lojas Vista Alegre Atlantis" e está em cima da mesa o projeto de abrir uma série de lojas próprias.
O mercado externo também tem potencial de crescimento e já é "responsável por cerca de um terço da nossa faturação", esclarece o diretor de marketing. "Recentemente, a visibilidade da marca foi reforçada com a presença no MoMa, em Nova Iorque", recorda, e, "não sendo ainda possível quantificar o resultado dessa exposição", é pelo menos possível perceber o interesse que as peças Bordalo Pinheiro despertam lá fora. Na Internet, por exemplo, em qualquer site de comercialização de faianças são muito procuradas.
Podem ter-se registado algumas quebras nas vendas, mas Pedro Bau garante que já estão a recuperar, particularmente nos Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Austrália, Dinamarca e Holanda. "Couves, Coelhos, Folhas, Coutada, Vinha Brava e Perus são as linhas mais vendidas internacionalmente", afirma. Um orgulho nacional. 

Publicado na Revista Única do Expresso de 20 de Novembro de 2010